terça-feira, 5 de setembro de 2017

Drag queen: uma porta de entrada para a experiência de gênero

by Bapho Produções
A imagem da drag queen é um símbolo bastante forte de representação da sigla LGBT. Quando pensamos em LGBT, facilmente podemos imaginar uma drag queen. Isso vai do senso comum ao próprio movimento! Mas o irônico disso tudo é que até agora não entramos em acordo sobre em qual categoria se enquadra a drag queen. Se a drag é L, G, B ou T!!!! Afinal de contas como funciona o gênero e a sexualidade da drag?
Como estamos muito acostumadas com o paradigma da cisgeneridade, o primeiro impulso é classificar a drag no grupo G, de gays! Mas daí temos dois contra-argumentos: i) travestis e transexuais também podem ser drags e ii) mulheres cis, que não são LGBTs à priori, também podem ser drags, portanto, L e, obviamente, Bs também!
Se quisermos pensar de outro modo, a coisa também se complica bastante: em que grupo colocar a drag? Na turminha da sexualidade: LGB? Ou da identidade de gênero: T?
Uma coisa que tenho pensado pra mim é que drag, conforme vivenciamos na atual conjuntura – que é diferente de sua relação do passado na tríade: transformista, drag queen, travesti artista – é uma porta de entrada para uma experiência de gênero bastante tênue e que produz efeitos de sentido na generidade de quem a pratica que se agrava a depender do quão fundo você se entrega a essa experiência.
Ser drag é uma cisão no transcurso da construção de gênero. É uma cisão porque se desnaturaliza a construção do gênero que é constante para todo mundo. Drag é o momento do antes e do depois, mas também pode ser um momento gradual.
No caso de homens gays cis, a drag permite que eles percam o medo do feminino e se empodere de seus signos. E depois de viver por algum tempo essa experiência, será que este homem gay cis ainda continua com a sua cisgeneridade intacta?
E as mulheres cisgêneras quando fazem drag? Por que o fazem? O que a drag permite que elas façam livremente nesta sociedade que nos recalca o tempo todo? O que elas podem ser? E o que elas se tornarão depois dessa experiência? Continuarão a mesma mulher de antes?
E as pessoas trans que fazem drag? O que a drag representa em sua vida: um antes e um depois em quê? E o caso daquelas pessoas que se tornam trans “de verdade” depois da experiência drag?
O efeito drag é bastante diverso a depender da experiência de gênero anterior! E é fato que ninguém sai incólume depois desta experiência.

O grupo é bastante diverso, como qualquer outro. Mas apesar disso, guardamos bastante semelhanças pois somos um grupo. Um grupo identitário que no final das contas não é puramente L, nem G, nem B e nem puramente T. Resta saber o que temos em comum!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Total de visualizações de página